Todos nós estamos acostumados a nos sentar acomodadamente na poltrona da sala de casa ou de cinema para ficarmos em média duas horas, uma hora e meia, ali com os olhos vidrados na tela acompanhando a trama de um filme.
Entretanto, a grande maioria dos grandes diretores, antes de partirem para uma produção com essa duração, o chamado longa-metragem, dedicaram boa parte de suas carreiras a filmes curtos, os chamados curta metragens. Filmes em que puderam experimentar, e aprender muito, e que foram cruciais para a sua formação e para o amadurecimento de sua capacidade para dirigir um filme de longa duração.
E no teatro, o ator pode fazer algo parecido. Uma peça de teatro tem tradicionalmente em média 45 min, uma hora, as vezes chega a 1 hora e trinta, e um ator iniciante dificilmente terá pique e habilidade para enfrentar uma encenação com essa duração.
Assim, tal qual o exemplo dos cineastas, peças menores podem ser um exercício incrível para o aperfeiçoamento de diversas técnicas cênicas e de interpretação.
Vantagens de se trabalhar com peças teatrais curtas
Entre as vantagens para um ator principiante trabalhar com peças teatrais curtas, podemos destacar:
- Os textos são menores, mas fáceis de memorizar;
- Menos marcações, ajudam a trabalhar de forma mais cuidadosa esse fundamento, permitindo com que o autor assimile e se acostume com essa técnica teatral;
- Permitem que se encenem mais peças num período de tempo, e sendo assim o ator tem a chance de entrar em contato com mais situações, criar mais personagens, viver mais histórias, adquirir mais experiência.
Na internet, a maravilha do século, encontramos diversos exemplos de peças teatrais curtas. A seguir um exemplo de uma dessas peças encontradas na web, seguida de uma análise aqui do Modelo Ator Atriz.
O Punho Fechado
Era uma vez um menino que, na escola, tinha sempre fechado o punho da mão esquerda.
Quando era interrogado pela professora, levantava-se e respondia mantendo o punho fechado. Escrevia com a mão direita, mas mantinha a mão esquerda sempre fechada.
Um dia, a professora, também para responder aos seus alunos, perguntou-lhe:
— Diz-me por que é que tens o punho da mão esquerda sempre fechado?
O menino não queria responder. A professora insistia:
— Ainda não entendi o significado desse teu gesto. Não queres explicar-me?
Perante as insistências da professora, e sobretudo para satisfazer a curiosidade dos companheiros, decidiu revelar o segredo:
— Quando cada manhã parto de casa para a escola, a minha mãe dá-me um grande beijo na palma da mão esquerda e depois, fechando-me a mão, diz-me a sorrir: «Meu filho, guarda sempre bem fechado na tua mão o beijo da tua mãe». Por isso é que tenho sempre o punho fechado: está lá dentro o beijo da minha mãe.
Moral da história: “O amor de mãe é a realidade mais bela que existe no mundo. Os beijos que dá aos seus filhos são como que pingos de amor. Eles fazem com que as crianças cresçam felizes e vivam uma vida harmoniosa.”
Esse é um exemplo de uma peça bem simples que pode ser facilmente encenada por dois atores, ela não exige muito, e pode ser ensaiada e montada muito rapidamente.
São poucas as falas e sua dramaturgia pode muito bem ser trabalhada num viés cômico explorando o inusitado da situação, como também num viés dramático explorando o desfecho onde o garoto revela seu carinho pela mãe. E ela, por ser assim curta, pode muito bem ser encenada das duas formas, o que no mínimo será um belo exercício de interpretação.
Invista tempo e dedicação em peças teatrais curtas, elas podem contribuir e muito com o seu amadurecimento.
Muito bom